"Nhas fidjus ca ta conchi camoca cu leti papota?"Lendo
esta notícia, fica uma estranha sensação melancólica e saudade da minha infância, dos tempos da escola primária e, ao mesmo tempo, uma satisfação desmedida na dúvida da nossa capacidade e sustentabilidade para garantir o mata-bicho das crianças nas escolas básicas, principalmente, lá no interior das nossas ilhas onde se comem o "cascaron de nariz".
Ninguém queria faltar as aulas no dia da camoca, se acontecesse algum azar, ficaria a lamentar o dia perdido. Eu lamentei várias vezes por causa de uma vaca, a Formosa, que era "
andecha", magricela e "
nha rola", cuja única vantagem dela era termos bezerro todos os anos, a maioria deles machos. Quem não sente saudades dos bifes, carnes da galinha e vaca enlatadas, "l
eti papota", pêra e uva seca, caril ou aquelas sopas que as cozinheiras da escola temperam mais do que ninguém? Quem nunca se sentiu vontade de morrer de comer a camoca?
Quem que nunca ca djunta prato cu minis?Ai canadja, tempo dja bai ca ta volta! Hei-de contar os meus filhos como foram esses tempos em que joguei bolas de meias com retalhos das roupas velhas, "
nfana dedo pé", fiz carros de latas, arames, pau, fiz papagaios de papel e plástica, rodas de chinelas..., na escola comi muita "
camoca cu leti papota!"
É bom saber que podemos assegurar a alimentação nas nossas cantinas, assim os meninos mais pobres poderão também saborear a "
camoca cu leti papota".
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